Para as crianças, o ato de brincar é mais
importante do que ter brinquedos. Pais podem criar hábito de doar as peças que
não são mais usadas.
Mais de dez minutos
Flávia se recorda de um conjunto de cozinha musical que a filha ganhou de presente. “Ela não consegue inventar nada de diferente com aquilo”, diz Flávia. A menina não passou mais de 10 minutos com o brinquedo. A diferença, explica Tião, reside na finalidade e nas possibilidades apresentadas pelo brinquedo. Alguns oferecem somente entretenimento e passatempo, sem chances de envolvimento criativo – e tendem a ser abandonados mais rapidamente. Se o quarto de uma criança estiver cheio deles, facilmente ela perderá o interesse pela maioria: “O que ela precisa é de uma oportunidade e um espaço para brincar e fantasiar. Os brinquedos devem estimular isso”.
Flávia se recorda de um conjunto de cozinha musical que a filha ganhou de presente. “Ela não consegue inventar nada de diferente com aquilo”, diz Flávia. A menina não passou mais de 10 minutos com o brinquedo. A diferença, explica Tião, reside na finalidade e nas possibilidades apresentadas pelo brinquedo. Alguns oferecem somente entretenimento e passatempo, sem chances de envolvimento criativo – e tendem a ser abandonados mais rapidamente. Se o quarto de uma criança estiver cheio deles, facilmente ela perderá o interesse pela maioria: “O que ela precisa é de uma oportunidade e um espaço para brincar e fantasiar. Os brinquedos devem estimular isso”.
Bebês que estão começando a engatinhar, por
exemplo, preferem objetos coloridos e que mudam de forma, por aumentarem a
curiosidade natural dos pequenos. Já crianças entre três e quatro anos se sentem
muito instigadas por brinquedos de encaixe, que podem montar e desmontar. Para
já alfabetizadas, atividades que envolvem regras – como jogos de tabuleiro –
colaboram para a socialização. “São brinquedos que não necessariamente precisam
ser industrializados”, afirma o especialista. Com material descartável, por
exemplo, é possível construir brinquedos incríveis e ensinar os pequenos a
construí-los.
Tião Rocha acrescenta que, aos olhos de uma
criança, facilmente uma caixa de sapato pode virar um caminhãozinho. Já no dia
seguinte, a mesma caixa pode ser uma casinha, e assim por diante. “Qualquer
produto fechado em si mesmo é um empecilho à criação da criança”, diz. Um
exemplo é quando a criança desmonta um brinquedo – consequentemente quebrando-o.
“Ela quer saber como funciona. A durabilidade de um brinquedo é o tempo da
curiosidade”, completa.
Muito mais que o brinquedo em si, portanto, o
envolvimento dos pais no brincar da criança é realmente essencial. Em vez de se
preocupar em adquirir produtos, o melhor é disponibilizar tempo e oportunidade
para brincar com os filhos.
O ato de brincar, independentemente da quantidade
de brinquedos à disposição, deve ser oferecido com qualidade. E claro, outras
atividades também devem entrar na rotina. Segundo Maria Ângela, crianças que não
têm oportunidade de ir ao teatro, brincar de esconde-esconde ou fazer uma
cabaninha, por exemplo, facilmente se voltam à televisão como fonte única de
entretenimento. “Se a criança tem diferentes oportunidades de criação e
imaginação, é mais fácil perceber que não precisa consumir tanto”, diz.
Limites e reutilização
Quanto mais brinquedos a criança tiver, mais ela pode desejar. Muitas vezes a motivação deste desejo passa longe do uso lúdico e surge da influência do amiguinho da escola, que já tem um. Cabe aos pais colocar limites. “Se deixar, a criança consome tudo e um pouco mais”, afirma Flávia. Como familiares e amigos colaboram para o excesso trazendo brinquedos em visitas e festas, a mãe resolveu deixar claro que presente é só para datas comemorativas – aniversário e Natal – e olhe lá: “Não quero que deem presente para a Gabriela à toa”. Mesmo assim, ela já tem mais do que precisa.
Quanto mais brinquedos a criança tiver, mais ela pode desejar. Muitas vezes a motivação deste desejo passa longe do uso lúdico e surge da influência do amiguinho da escola, que já tem um. Cabe aos pais colocar limites. “Se deixar, a criança consome tudo e um pouco mais”, afirma Flávia. Como familiares e amigos colaboram para o excesso trazendo brinquedos em visitas e festas, a mãe resolveu deixar claro que presente é só para datas comemorativas – aniversário e Natal – e olhe lá: “Não quero que deem presente para a Gabriela à toa”. Mesmo assim, ela já tem mais do que precisa.
Por isso, Flávia instituiu como tradição doar os
brinquedos que já foram deixados de lado. “Desde pequena sentamos juntas e
separamos os brinquedos que não despertam mais o interesse dela. Mesmo que diga
ainda gostar de um ou de outro, ela aceita”, diz. Gabriela, mesmo aos quatro
anos, entende que outras crianças irão brincar mais do que ela com aquele
brinquedo. E aceita. “Faço isso para ela praticar o desapego e entender a
dificuldade que é ter as coisas”, diz a mãe.
O psicólogo Áderson Costa sugere uma estratégia:
mostrar aos pequenos que um mesmo brinquedo pode ser utilizado de muitas
maneiras diferentes. Os pais podem fazer uma competição para descobrir novas
formas de usar o brinquedo: “Dessa forma, o objeto pode ser redescoberto e se
tornar, mais uma vez, o melhor brinquedo do mundo”.
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